Difference and Repetition é um EP de quatro músicas que começou a tomar forma no início de 2020. Foi nessa época que Dramón começou com um projeto de um ano inteiro com uma música diferente por semana.

Entre as músicas lançadas durante aquele ano, duas foram criadas pela parceria de Dramón e Muqdisho. E ambas começaram da mesma forma: um arquivo musical sendo compartilhado do Brasil para a Alemanha. Primeiro por Dramón, depois por Muqdisho.

O processo começava de forma quase experimental, músicas sem muito propósito além de melodias interessantes. Foi assim que elas começaram mas não foi assim que elas continuaram sendo. Essa primeira composição era cortada em trechos mais curtos e gravada em tape loops para ser tocada de uma forma mais abstrata, por assim dizer. Esse processo de desconstrução sonora foi feita por meio de horas e mais horas, cortando pedaços de música e gravando tudo de forma analógica em outras fitas cassete, aumentando o lado experimental dessas músicas devido a toda distorção inerente ao meio onde elas eram gravadas.

“There is movement in the depths” foi a primeira a ser feita dessa forma. Alguns meses depois, a música “Difference and Repetition” foi gravada da mesma forma. Esse foi o fim da colaboração sonora de Dramón e Muqdisho em 2020.

Mas o projeto não ficou parado aí.

Depois de algumas conversas pelos anos, no início de 2023, a colaboração sonora de Dramón e Muqdisho voltou a ser realidade e duas músicas foram propostas para fechar um EP.

Foi assim que “A Dancing sensation in the anterior chamber” e “over steep water waves” vieram a se tornar realidade. Ambas criadas usando a mesma fórmula das músicas anteriores. Uma faixa vem de São Paulo para Berlim pela internet e ela é cortada, dividida e regravada em tape loops para ser tocada usando um 8-track.

O nome do disco vem do livro “Difference and Repetition” de Gilles Deleuze que explora os temas de diferença pura e repetição complexa de forma filosófica. Foi dai que veio a referência para as músicas compostas a distância de Dramón e Muqdisho.

Visualmente falando, o projeto foi construído de forma similar. Diferente dos sons, a direção da colaboração aqui, veio de Muqdisho para Dramón. Fotos analógicas foram tiradas em Berlim e os rolos de filme foram enviados pelos correios para São Paulo.

Assim, sobreposições fotográficas de lugares diferentes foram construídas usando da criatividade de cada um e explorando diferentes possibilidades, da mesma forma que a música desse disco foi feita e fechando o círculo de colaborações visuais e sonoras.